Friday, March 06, 2009

Mini

Um nova dimensão gastronómica se abre, hoje, 5 de Março de 2009...comprei um mini-forno. Depois de uma árdua e profunda reflexão sobre, se realmente valia a pena, esta foi fácil, e depois, sobre qual o forno a comprar, um verdadeiro quebra cabeças, finalmente me decidi. Digo quebra cabeças porque primeiro, por noções puramente estéticas, tinha de ser pequeno, isto porque a minha cozinha toda ela é equipada com o prefixo mini, um mini frigorífico, uma mini placa, e um mini microondas. Segundo, do maravilhoso mundo mini-forno que se abria diante dos meus olhos, qual seria o candidato perfeito, para aquele cantinho de cozinha, obviamente, o mini também tinha de entrar no preço. Qual o tamanho mínimo requerido para as minhas mini refeições solitárias, deparei que a unidade utilizada para o tamanho deste é o litro. Medida que para mim pouco me diz, a não ser em termos de garrafas de vinho, por essa razão optei por um de 20 litros em vez de 10, raciocínio preocupante, claro indicador de um tendência aguda de alcoolismo. Assim adquiri um mini-forno com mini tecnologia de ponta a um mini preço, contraste curioso com a atitude de mega orgulho com que o transportei para casa.
Agora instalado, mesmo por baixo do microondas, fazendo desta pilha um autentico arranha-céus tecnológico.
Comecei a pensar na dita receita, poderia simplesmente ir comprar um prato qualquer congelado feito por um grande chefe cheio de “E”, ou então ser ambicioso e lançar-me no maravilhoso mundo da cozinha assistida por mini-fornos. Optei pela segunda com uma abismal quiche de espinafres e salmão fumado. Adquiri assim uma receita que me parecia simples e lancei-me na aventura num mini-supermercado local. O raio da receita não era mini, como todas as receitas, têm de ser no mínimo para uma legião, porque é que não existem receitas com as medidas exactas para um pessoa só, por causa deste imbróglio, tive de fazer um regra de aritmética complicadíssima para comprar as quantidades certas, de maneira a não condenar a volúpia quantitativa de ingredientes na proporção certa para um manjar digno de um destemido e corajoso iniciante à gastronomia “fornal”. Assim foi, ingredientes todos comprados. Tomei a liberdade lasciva de comprar uma massa folhada já feita e pronta a colocar na placa, fui esperto o suficiente, do qual me orgulho muito, para fazer uma relação directa entre a forma acabadinha de comprar e o tamanho da massa que seria de 24 centímetros. Ao chegar a casa, arregacei as mangas e comecei a minha criação gastronómica. Untei a forma e abri a massa, ai fui aterrorizado quando deparei que a massa era....rectangular, mas quem seria o mentecapto que faz e põe à venda uma massa rectangular, bem não tive grande escolha, usei todos os meus conhecimentos em geometria descritiva, que são quase nulos, e lá consegui cobrir a forma com a dita massa. Depois deste pequeno percalço, lá consegui meter todos os ingredientes e colocar a quiche no forno. Que beleza, que cheiro, neste momento aproximo-me da minha cadela em comportamento, e assim que o forno me diz que o tempo passou, (sim porque comprei um forno com relógio incorporado) dou razão aos pressupostos de Pavlov, começando logo a salivar. Agora se me permitem, vou comer esta obra de de arte e engenharia com sabor de vitoria.
Afinal não é desta, tenho de acrescentar mais 10 minutos a cozedura, pois parece mais uma sopa dentro de uma forma que uma quiche, o desalento começa então a inundar a minha vida, pois parece que afinal, mais valia ter comprado uma lasanha do chefe, ou uma pizza marguerita toda ela feita, e já com o modo de como cozer, com temperatura e tempo. Estou a ouvi-la a crepitar dento do forno, arde sua velhaca, arde no inferno, estás a querer sabotar o meu jantar, mas não conseguirás. Vou vos deixar mais uma vez, pois quero ver como o processo está a evoluir. Espero que seja rápido, senão um coma hipoglicémico me espera.
Bem, que mais poderei acrescentar a este texto, senão o facto de que a minha salada de alface com um complexo molho de azeite e vinagre, ornamentado com especiarias do oriente estava divinal.

Wednesday, May 21, 2008

Espelho meu

Este texto é sobre mim, para mim e para ti meu amigo. Peço desculpa se mais uma vez falo mediante malabarismo, mas detesto tudo o que é óbvio. A quem diga que tenho grave falhas de comunicação, eu diria que és tu, meu amigo, que tens graves falhas de compreensão. Deixa-te levar pela minha loucura, pois é de loucos que eu vou falar. Trés estórias, que como espíritos demoníacos, assombram-me dia e noite:


- Espelho meu, espelho meu, diz-me se há alguém mais bonito que eu?
- Sim!
- Se eu fosse uma cadeira linda que farias tu?
- Sentava-me em cima de ti!
- Se fosse um copo de vinho que farias tu?
- Enchia-te com o melhor vinho que existe e bebia!
- Espelho meu, espelho meu, diz-me tu, existe alguém mais estúpido do que tu?
- Perdão?
- Não consegues ver para além de simples reflexo, e eu sou bem mais do que isso.
- Podes bem ser, mas o que vejo é apenas isso, uma cadeira onde me sento e um
copo onde bebo.
- Pois bem eu te peço que não vejas o que vês, mas vejas o que sentes. Vou
reformular a minhas perguntas.
- Se eu fosse uma cadeira linda que farias tu?
- hum....subia para cima dela para me elevar.
- Se eu fosse um copo de vinho que farias tu?
- Enchia-te de água e meteria uma rosa dentro.
- Espelho meu, espelho meu, diz-me se há alguém mais bonito que eu?
- Não.
- Tomá lá um biscoito, mereceste-o.


Ora aqui temos a estória numero um, dizem que um diamante no fundo de um rio, é algo invisivél para maior parte das retinas humanas....acredito.


O senhor K. é o que melhor explica a segundo estória. K não era um ser deprimente por natureza, mas sim um ser rodeado de depressão. Quem o conhece sabe que por muito que ele fosse o único ser integro e belo de um mundo as avessas e por muito que K. tenta-se mudar o mundo que a rodeia, este acabava sempre por levar a melhor, levando a todo e qualquer amigo de K. a sentir-se injustiçado, impotente e claustrofóbico num mundo que teima em não se vergar face a justiça e força da personagem K. . Por vezes sinto que o espelho me quer transformar numa barata grande e nojenta, para assim ser mais fácil justificar o acto de me esborrachar no parquet, mesmo eu por vezes, por influencias externas me sinto como uma barata nojenta, implorando que me pisem, pois neste processo de tentar navegar constantemente contra a corrente é fácil perder as forças. Bandeiras épicas de outros tempos depressa se desgastam e em meros trapos se transformam. O mais difícil neste mundo não é ser-se verdadeiro, mas sim manter-se verdadeiro.

Como epilogo deste pequeno espelho da minha alma, apresento-vos a estória numero três:


Zaratrustra, depois de passar 10 anos numa caverna da montanha passa por uma aldeia, onde uma alegre feira está a decorrer. Este ao ver um pódio aparentemente livre, e com um microfone ligado, onde uma grande multidão espera não sei o quê, depressa se precipita para o palco ludibriando os seguranças. Todos eles estavam virados, com alguma ansiedade num silencio cúmplice para o palco. Zaratrustra pega no microfone. Os espectadores atentos a este movimento ficam receptivos. Zaratrustra contente pela atenção deste afavél publico declara:


-Deus morreu!


O publico, num silencio de se cortar à faca, começam a olhar para uns para os outros e todos ao mesmo tempo, num coro sincronizado soltam uma enorme gargalhada. Zaratustra não se deixou intimidar por esta reacção, pois os seus anos de eremitismo criaram nele a distancia necessária para manter o seu semelhante completamente inofensivo. E diz de forma altiva:


- Anuncio-vos o super homem.

Neste preciso momento o publico entra ao rubro, aplaudem e entram em histeria compulsiva, as mulheres atiram as roupas interiores na direcção de Zaratustra, os homens olham com admiração e inveja na direcção de Zaratrustra. Este fica confuso, nos seus 10 anos de reclusão, não era capaz de compreender o que se estava a passar quando repara que Apólo, aparecendo por trás pega no microfone. Zaratrustra atrapalhado com a situação deixa-se levar e Apolo educadamente convida Zaratrustra a sair do palco, este renegado ao ridiculo da situação percebeu que mais valia era apanhar um Táxi e ir embora para a sua caverna, decidiu também no caminho até a montanha de passar por uma livraria qualquer e comprar o livro “The Game”.


Se o teu objectivo é acabar como um super homem doido varrido e acabares sozinho num manicómio qualquer devias tu também ir para a montanha mais próxima e exilares-te numa caverna de preferência com aquecimento. Eu prefiro ser um homem deste mundo, e não um super homem, mas o que fazer quando o mundo que te rodeia não passa de um mundo Apolíneo?


Não posso deixar de acabar este texto com uma reflexão que me assombra estes últimos tempos: Se construíres um mundo á parte daquele que te rodeia, e tiveres como seguidores a totalidade de uma cultura és considerado um Deus, se tiveres um grupo minoritário de pessoas és um revolucionário, se tiveres sozinho não passas de um louco. Pois é meu amigo é de loucos que te falo.

Microcosmos

Microcosmos


Estou eu na entrada do edifício onde prostituo o meu cérebro, para assim poder patrocinar o meu hedonismo.

O dia começa mal. Da entrada do meu edifício, através de um espelho dá para ver a entrada para o elevadores, e logo me apercebo que está lá um grupo de pessoas a espera da próxima viagem. Detesto andar nos elevadores com estranhos, por essa razão fico a espera que estes imbecis subam na próxima viagem para assim tentar a minha sorte, quando digo, “tentar a minha sorte” já vão perceber porquê!

A costa está livre novamente. Aproveito, e num passo de corrida, precipito-me para entrada do elevador. São 9h, hora de ponta dos elevadores, é muito difícil conseguir uma viagem solitária a estas horas. Chamo então o elevador, aqueles mentecaptos tinham logo de ir até ao ultimo andar, agora tinha de esperar duas eternidades para que este descesse novamente.

O elevador entra em movimento, passa o 5 e o 4 andar, ao chegar ao terceiro, pára. Não imaginam o que isto me transtornou e disse logo para mim próprio num tom de desabafo – Mas qual diabo é que apanha um elevador a estas horas para descer? como se este comentário fosse relevante. O andamento recomeça passando agora pelo segundo. Foi nesta passagem que o pesadelo começou, ouvi a porta do Hall de entrada a abrir-se, com este som provavelmente viria uma pessoa, que provavelmente iria também apanhar o elevador. Peço a Deus, a Ala e ao excelentíssimo Buda que me presentei-me

com um mulherão do tipo Pamela Anderson, só isto poderia aliviar o meu pânico. Alguns dos leitores poderão estar

a vaiar a minha escolha para esta viagem, escolhendo certamente outros paradigmas femininos mais interessantes, mas a mim parece-me que a grande parte das pessoas tem como fantasia uma viagem no elevador onde se desperta uma aventura sexual descomprometida e desinteressada entre dois andares, e não um pedido de casamento, logo desculpem se para este exemplo coloco uma bomba sexual e não uma Nelly Furtado.

Obviamente não era uma Pamela Anderson nem algo que se pareça, quando parou ao meu lado para assim apanhar boleia na minha próxima viagem de elevador, e disse – Bom dia. Aquela abertura de boca trouxe consigo um fétido hálito matinal acompanhado com um som estridente que fazia não só os meus tímpanos tremerem como os meus pelos eriçarem-se de terror. Retorqui na mesma moeda mas com um hálito fresco e uma voz tímida. Agora sim que os nossos olhos foram obrigados a cruzarem-se, deparei-me com a ave rara que tinha a minha frente. Era uma mulher com os seus 50 - 60 anos, era gordissima, ao ponto de fazer parecer o boneco da Michelin anoréxico, a pele tingida de nicotina misturado com solário tornava o quadro dantesco. Os anos de tabaco estavam bem marcados no seu rosto, parecia um Sharpei. Na cabeça exibia um animal morto. Aquele cabelo horrivelmente estruturado em blocos com toneladas de laca empestavam o ar. Esta senhora devia andar com tabuletas de sinalização do tipo “Tóxico” e “Altamente inflamável”. Se se cria-se um furação de alerta máxima, este iria precisar de meses e meses terapia para ultrapassar tal trauma. A agua de colónia invadia o meu inconsciente, não preciso de Freud para provar a existência do subconsciente, apenas preciso desta agua de colónia barata.

O elevador passava agora o segundo andar, quando já completamente exaustos pelos factos que se apresentavam diante de mim, a porta do Hall de entrada anuncia-se novamente. Ao mesmo tempo que chega o elevador, chega também o novo passageiro. Um perfeito corvo, vestido de preto, altíssimo e curvado sobre si mesmo. Na cara um nariz Eiffeliano que nascia bem no centro da sua face e acabava na estratosfera, os olhos estavam completamente mergulhados nas profundezas das suas órbitas. As olheiras eram enormes e negras numa pele cândida, o cabelo era negro e pastoso. Disse numa voz gutural – Bom dia. ao qual nos os dois num coro improvisado retorquímos - Bom Dia.

O Elevador finalmente chega e a porta abre-se, saindo dali uma mulher bomba, daquelas mulheres onde as proporções, embora não sejam elegantes, transpiram sexo.....que azar. Entro para dentro do elevador, logo seguido pela mulher gorda e pelo homem corvo, que faz uma pausa com a porta aberta, o idiota em vez de se precipitar rapidamente para o elevador, não, fica a espera de forma civilizada que outro passageiro que vinha de abrir a porta do hall de entrada pudesse também apanhar o elevador. Peço desculpa não descrever o próximo passageiro, para gáudio de alguns leitores, mas já não tenho forças.

A porta fecha-se, que horror, agora o espaço mínimo socialmente aceitável entre duas pessoa que não se conhecem ia ser violado em todas as frentes no próximo minuto. O elevador começa então a sua ascensão. Os cheiros começam a misturar-se e a criar um gás, no meu entender, altamente tóxico: de um lado temos a agua de colónia barata, no outro um after shave que cheira a pesticida, e por fim um cheiro a transpiração misturado com cheiro a roupa suja. Chegamos ao 1 andar, mas ninguém saiu, estou voltado para a parede do elevador, sinto a gorda atrás de mim. Sinto o seu seio a tocar nas minhas costas, facto que é automaticamente acompanhado por nauseias. Como é gordíssima e deve fumar 3 maços de cigarros por dia, tem a respiração muito pesado, sentido-a bafejar o meu pescoço, que desagradável. Olho para o meu lado direito, a minha cabeça está à altura dos ombros do corvo, quando vejo placas de caspa amarela em todo o seu fato preto, tive de respirar bem fundo, pois estava a tornar-se humanamente impossível de conseguir suportar tal flagelo. Chegamos ao 2 andar, e ninguém saiu, estou mesmo sem sorte. Porque é que não fui pelas escadas? Não quis dar parte fraca em relação a estas pessoas insignificantes no meu mundo, o curioso é que dentro desta caixa infinitamente pequena, estas pessoas ganhavam uma nova dimensão, de insignificantes passavam a insuportáveis e altamente incómodos. Passamos o terceiro andar quando o terceiro passageiro decide ter um ataque de tosse, expelindo assim fluidos internos que invariavelmente vieram aterrar no meu braço indefeso e imovél. O quarto andar estava quase consumado, quando um cheiro pestilento invade o nosso microcosmos, era insuportável, mas mesmo assim nenhum dos intervenientes neste mundo esboçou o mínimo sinal de desconforto, inclusive eu, como sabia que ia sair na próxima paragem apenas sustive discretamente a respiração.

Finalmente o quinto andar chegava, e com ele a minha liberdade, a porta abriu-se. Eu que estava no fundo do elevador, precipito-me como uma bala para a saída. Incrivél como durante toda a viagem este espaço, que me parecia ridiculamente pequeno estava agora a atingir dimensões colossais, pois nunca mais conseguia atingir a saída. Quando finalmente fui atingido pelo orgasmo da libertação, voltei-me para os demais e desejei um óptimo dia.

Thursday, April 10, 2008

Quanto vale a minha felicidade?

Bem aqui estou eu, num bar qualquer, eu e a minha cerveja. Estou rodeado de bêbados de fim de tarde, que tristes que eles são, estou submerso numa solidão exasperante, enquanto cai lá for a cântaros de água. Se Deus existe eis a prova, ele esta em consonância com o meu estado de espírito.

Hoje é um dia importante, pois estou aqui para responder a questões fundamentais da vida: Qual o seu sentido? E a responder a questões existenciais fundamentais: Quem sou eu, e qual o meu papel nesta trama universal? Levanto também duvidas sentimentais profundas: porque é que ninguém me ama? Por que é que não sou capaz de amar ninguém?...bem esta é de fácil resposta. Sou interrompido pelo homem que se apresenta atrás do bar, ao qual eu peço um "pint" de cerveja. Prontamente me é apresentado esta, ao qual eu dou um valente golo.

Ao meu lado alguém me observa, talvez espere que eu lhe dê atenção...está com azar, não estou para ai virado. As pessoas a minha volta são feias, e cheiram mal. Bebo mais um trago valente.

Começo a pensar em mim, tudo está errado a minha volta, a minha vida é um perfeito disparate, a minha realidade é um espectáculo deploravél, tirando esta cerveja, por que é que tudo aparenta horrivél? Fazia melhor em acabar esta cerveja e ir atirar-me ao rio, tenho a certeza que este meu novo amigo me iria reconfortar, abraçar na sua plenitude, e invadir o meu ser até aos meus pulmões, até ao meu ultimo fôlego. Bebo mais um traga em homenagem a este novo amigo. Começo a sentir uma leveza nas minhas pernas, ao qual celebro com mais um trago. Esta começa então a invadir a minha consciência. Peço mais um "pint", pois este já faz parte do meu doce passado. Saboreio então esta nova cerveja acabadinha de tirar, que bem que me sabe. E pensei: - Por que raio me vou atirar ao rio, talvez amanhã a pedra filosofal da minha existência irá apresentar-se de forma furtiva com as minhas facturas! Bebo um trago. E penso: - Se esta cerveja representa a materialização da realidade que eu tanto abomino, talvez esta não seja assim tal mal!. Bebo a isso.

O individuo ao meu lado observa-me outra vez, desta feita saludo-o com um amistavél: - Boa tarde. Ao qual ele responde-me prontamente com um enorme sorriso, Debruçamos os dois sobre a cerveja que está a nossa frente e bebemos mais um trago. Talvez ninguém me ama, mas este estrangeiro por instante amou-me, pois a minha presença fez desabrochar no seu intimo um verdadeiro e sentido sorriso. Quanto ao facto de não amar ninguém, esta questão foi prontamente respondida pela cerveja que se apresentava à minha frente, prometendo a esta que a iria amar-lhe e ser-lhe fiel até à ultima gota. Depois desta reflexão veio a luz, por que raio, seria importante para mim saber o verdadeiro sentido da vida, se este se apresenta-se a mim, assim como um raio, de que me valeria continuar a viver, mais valia então atirar-me de facto, de maneira definitiva ao meu amigo rio. Sinto a leveza a aliviar o peso das minhas questões e duvidas. O meu novo e grande amigo do lado, pergunta: - Sobre o que raio escreves tu? ao qual eu respondo: - Sobre o verdadeiro sentido da vida! Este atónito pergunta-me: Então qual é? Ao qual eu respondo: - O que é que isso interessa! Celebramos esta conquista com mais um trago.

Está tudo resolvido, tudo excepto o problema do fedor que a humanidade emana, que se tornava asfixiante para mim, quando num reflexo divino, fez-se luz e pensei: - Amanha irei comprar um daqueles pinheiros de papel com cheiro artificial e agradável que se metem no carro e andarei com ele ao peito, assim o leve perfume por este emitido irá mascarar o mau cheiro humano.

Bebi mais um trago para acabar com a cerveja....deixei de a amar, e pensei mais uma vez: - Quanto vale a minha felicidade? Ao qual respondi: - Obviamente meu caro Watson, um litro de cerveja!

Friday, July 06, 2007

Prière

Mon Dieu accepte, ce qui sera probablement, mon dernier souffle. Il emmure, celle qui sera probablement ma dernière prière.
Je suis conscient qui je suis un mauvais fils. J’ai abandonné le confort de votre maison pour plonger dans un monde ténébreux vidé de toute lumière, un monde qui vous n’approuvez pas.
Je suis conscient que je suis un mauvais fils, de ceux qui vont seulement visiter ses parents quand ils ont besoin d’argent, mais si je vous disais que cet argent sera pour amener un morceau de pain dans ma bouche ? Pour tuer ma faim ? Nourrir le corps et réveiller mon esprit d’un comma profond ? Cela fait longtemps que je suis à jeun tellement longtemps que je ne me souviens plus depuis quand. La seule chose dont je me souvienne c’est que au début la faim me foudroyait constamment avec des charges de douleur, qui sont devenues, avec le temps, mes bons compagnons. Parce que si au début elles me montraient la présence de la mort, maintenant me montrent que je suis encore vivant. Seriez-vous capable de me priver de ce morceau de pain?
Mon Dieu, je demande à votre bonté infinie de me pardonner et me donner ma clé.
Dans mon royaume il y a un trésor d’une dimension pharaonique et d’une valeur inestimable. Ce trésor est à l’intérieur d’un coffre avec des parois de 7 centimètres d’acier pure et il est enfermé par 7 serrures. Pour arriver au coffre il faut réussir à affranchir 7 salles, chacune de ces salles a une porte fermée à clef en bois massif. Pour arriver à ces salles il faut descendre une descente vertigineuse, orpheline de lumière, 7 niveaux au sous-sol de ma conscience.
Mon trésor est bien caché, hors de la vue, cependant il chante, tellement haut qu’il monte jusqu'à la surface. Son chant est d’une beauté déchirante, impossible d’écouter telle musique sans qu’une rivière de larmes nous coule au visage. Pas parce que le trésor est malheureux, mais à cause de son triste sort.
Comme je n’ai pas les clés pour aller le libérer, je dois réussir à crier plus haut que lui. Je pourrais crier au bonheur, à l’amour, mais après cette musique irait se mélanger avec la musique du trésor et au lieu d’une déchirure ça serait l’agonie. Alors je me suis familiarisé avec la haine, puis lié d’amitié avec la rage et je les utilise pour neutraliser son chant. Je pourrais vivre comme ça toute ma vie, mais c’est épuisant d’être plongé dans un monde pareil. Cette amitié peut conseiller à un prix trop élevé. Ma gorge saigne à cause des cris de rage qui tonnèrent en elle, je n’arrive plus à parler. Mes yeux sont rouges et enflés de haine, on dirait qu’ils vont exploser, je n’arrive plus à voir. Mes oreilles ? Bon, mes oreilles sont déjà complètement perdues, tellement elles ont été assommées par mes cris.
Je suis encore en vie, mais mon Dieu, regarde-moi, et dis-moi combien de temps il me reste? Écoute ma prière et donne-moi ma clé. J’ai entendu dire que cette clé est faite en cristal pur est émet une lumière intérieure capable de illuminer les esprits les plus sombres. Donne-moi cette clé, mais attention, sois futé, car moi-même j’ai déjà trouvé plusieurs clés. Aucune n’a jamais réussi à m’amener jusqu'à la dernière salle.
Je te promets qu’en me donnant cette clé, tu iras sauver deux âmes de ce monde maudit. Amen.

...Merci mon Dieu, merci Maman et merci Cristina.

Wednesday, May 09, 2007

Untitled

I'm careful not to fall. Without any mercy the wind is whipping my face with sand bullets.
My hands can hardly stop it.I try to shield what is remaining of a face that is completely
destroyed by this hostile place.

I don't remember how long I cross this eternal desert. I have a remote memory that I'm young,
but my face instead reflects the infinity of this bloody desert.

The sand is red, probably because of all the life that he claims since the beginning of time.

I wish my time was coming, I wish I could stop it, but I can't, and I don't now why.
Instead my soul is it slave, this sadist desert always give me the drop of water that
my body need to stay alive until his next one.

The journeys between drops are nightmares. I wish I could dream, I wish there was
a place where I could go instead of this Dante desert, but even this I cannot do,
because it's forbidden to sleep.

During the day my skin is boiled by my sweat that is heated by this evil sun. During the
night the cold cut me like razors, I shiver like tiny sticks in the heart of a storm.
Sometimes the moon appears, but poor moon cannot warm me, I don't blame her, it's
my best friend, enlightening my path and being humble enough to let me see her, not
like the sun. It's so proudly stupid that hurt's my eyes each time I tried to see it.

Another day is rising; I wake up always with a smile in my face, because I know that
I'm one day close to the end.

Today the sun wake up really in bad mood, the hot is so strong, that I feel the hell inside
of me.

I'm careful not to fall, rising real slowly, and start my quest to my next drop of water.

It was around midday, I know that is around this time because my skin is always
crisping in the edge of the heating time, when a miracle appears in front of me.
I started to cry endlessly expelling all the drops that I keep inside of me;
I went down on my knees to let my drops fall in to her.

In this red hell desert, here it was a small green plant. She was one finger height, with tree little leafs.
I could feel that she was happy to accept the river of tears that was coming down my face.

I made a shovel with my hands; I took her and some sand with it. I embrace her I start walking
fast to my next drop.

The sun and the wind were so mad that they put together to throw me all their anger, this time
my hands could protect my face, but I could care less. Instead I smile.

I know that know my time is coming, I would certainly die in order to give her life.
Oddly enough was the fact that when I was caring my life on I felted completely dead, and now
that I caring out my death I fell alive.
Oddly enough was the fact that when I was caring my life I wanted it to end, and now
that I caring out my death I want eternity.

Probably she will die also, but I want, and I will go first with an eternal smile in my wasted face.

I would give her what is left of my strength and all the remaining drops
of my meaningless life, and in return, she will give me all her hope.

A few drops latter and with the constant felling that: if my life once seamed like an eternity,
now she looked unbearably short.

I'm careful to fall slowly, using my last strength I gently lay down in the hot sand. This
journey is touching the end; I return the plant to the desert, the small plant with the four leafs,
was greener than ever, I embrace to protect her from the awful wind. I used my last breath to kiss her,
and with a big smile on my face I gently closed my eyes.

I don't know if it was true or not, but the last image in my head was a big tree, facing with authority
the wicked sun and wind.

I give her everything I had in my short life, and also everything in death; I lay down my remains so
that she can take all the rest of me into her, and be as one until her last day.

Monday, August 07, 2006

A espera(nça)

Mais uma manhã me espera, e acordo já esperando. A manhã é um momento que aprecio pessoalmente pois acordo cheio de esperança que a minha espera acabe.Embora a espera tenho uma conotação muito passiva tento ao máximo lutar contra isso, e procuro estar sempre em movimento para que a minha espera me encontre.

À tarde saio e vou para os sítios onde algo pode acontecer, ando horas e horas à espera. Paro horas em sítios pois pode ser ali, naquele momento que a minha espera acabe. Volto para casa ao final da tarde e o pânico começa a apoderar-se de mim, pois pouco tempo me sobra até ao final do dia para a minha espera.

Saio à noite, numa pressa desenfreada, pois não quero a minha espera espere nem mais um segundo. E vou para os sitio onde tudo pode acontecer. No final da noite chego a casa e deito-me sempre com a mesma sensação de desolação total banhada por uma frustração abrasiva. E assim chega mais uma dia ao fim, sem que nada aconteça. Sei que muitas coisas aconteceram durante o dia, mas nenhuma delas era o que eu esperava.

Apenas sei que uma dia inevitavelmente esta espera vai acabar, só espero que a eventualidade desta acontecer se realize antes.
A pergunta que se coloca é o que tanto espero eu, ao que te respondo: "O mesmo que tu."

Tuesday, October 04, 2005

Jardin de pedra

Os meus olhos ardem. Milhões de anos de
evolução da espécie Humana, não conseguem
parar a torrente de suor que nasce do meu
fronte e deságua nas milhas órbitas.

A minha face arde com o vento desértico,
sob um sol abrasador. Os grãos de areia
por ele levados chicoteiam impiedosamente
a minha, já débil, pele.

Apesar dos castigos infligidos, continuo a
tratar do meu jardim, que nasceu para lá
do horizonte. A arquitetura matemática
nele projectado, mostram o cuidado, a devoção
de um desejo, desejo que um dia uma destas
pedras ganhe vida.

Sob a minha enxada, acabo de colocar mais uma.